Apartir desta quinta-feira, 15, a nova versão do Google Chrome nos Estados Unidos, Canadá e Europa virá com um bloqueador de anúncios embarcado. Apesar de, na prática, tratar-se de um “adblock”, a empresa prefere chamar a funcionalidade de “white filter” já que ele bloqueia apenas determinados tipos de anúncios considerados intrusivos e permite quatro formatos para o desktop e oito para o mobile previamente estabelecidos.

“É preciso ficar claro que não é uma iniciativa do Google apenas, mas algo que está baseado em todo um ecossistema. Para chegar a essa padronização e para trabalhar a conscientização e a educação de cada um dos publishers foi necessário um processo que envolve vários agentes desde as empresas de mídia, as agências e as plataformas”, afirma Sérgio Augusto, diretor global de parcerias Latam do Google.

Desde junho do ano passado, o Google desenvolve o filtro para impedir anúncios que prejudiquem a experiência de navegação dos usuários. A iniciativa, segundo Cris Camargo, diretora-executiva do IAB Brasil, é parte de um processo iniciado em 2017 com a criação do Coalition for Better Ads (CBA), união de anunciantes e plataformas em busca de tornar a inserção publicitária menos intrusiva. Além do Google, mais de 25 empresas compõem a CBA, entre elas Unilever, Facebook, Reuters, The Washington Post, Omnicon, P&G, Microsoft, Publicis e também a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA).

Pesquisa global da Ipsos Public Affairs, feita em 23 países com 18,2 mil pessoas, de 16 a 64 anos, nos meses de setembro e outubro de 2017, mostra que 75% dos entrevistados dizem que anúncios digitais são irrelevantes. No Brasil, o percentual é de 65%. Ainda segundo o levantamento, oito entre dez pessoas consultadas disseram acreditar que a publicidade deixa a navegação mais lenta. Uma das principais respostas do público aos formatos intrusivos tem sido os bloqueadores de anúncios que são utilizados por 57% das pessoas ouvidas na pesquisa.

“Outros levantamentos já nos indicavam a necessidade de uma movimentação para impedir que o ambiente digital se torne insustentável”, diz Cris Camargo reforçando que, com as medidas tomadas pela indústria, o mercado não só “fomenta um ambiente amigável para os usuários, mas gera tráfego de audiência qualificado”. “Um ambiente mais limpo permitirá a oferta de publicidade mais criativa e de valor agregado”, diz Cris.

De acordo com um relatório da consultoria Axios, inicialmente, apenas 1% dos editores de regiões que terão o bloqueador embarcado no Chrome serão afetados, já que não são compatíveis com as novas exigências. Os sites que violam os novos padrões terão 30 dias para remover os anúncios ofensivos de seus sites ou o Google bloqueará seus anúncios. O Google disse à Axios que 37% dos sites anteriormente encontrados em violação dos padrões do CBA corrigiram seus problemas de publicidade antes do lançamento do bloqueador de anúncios — como Los Angeles Times, Chicago Tribune e Forbes.

Segundo Sérgio Augusto, não há previsão de quando a funcionalidade estará no Brasil, no entanto, ele afirma que os grandes publishers locais já estão preparados para a mudança. O Chrome representa no Brasil, segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC), 74% do tráfego de PCs e um índice de adblock de 17,5%. O Firefox, que gera 19% do tráfego, tem 21,6% de uso de bloqueadores.

Pedro Silva, presidente do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), chama a atenção para o fato de que a questão vai além de apenas a intromissão por meio da publicidade. O uso dos adblockers tem sido cada vez mais voltado à segurança tendo em vista que muitos anúncios se tornaram fonte de entrada para ações criminosas. “Os constantes ataques hackers estão aumentando a rigidez em canais que possam repassar vírus e os anúncios não qualificados estão na mira”, diz Silva.

No fim de janeiro, o Google se pronunciou sobre a suspeita de que anúncios do YouTube estavam sendo utilizados para roubar criptomoedas como bitcoin em computadores de usuários. Na ocasião, a empresa afirmou que se tratava de uma violação e que correções estavam sendo tomadas. No fim do mês, o Facebook anunciou que estava banindo todos os anúncios de criptomoedas da plataforma.

Fonte: meioemensagem