O futebol se ergueu pela paixão e entusiasmo que de fato existiu pelo esporte no começo. Hoje, em muitos aspectos o futebol está muito além (ou aquém) desse sentimento e o faturamento é o principal combustível para estabelecer e ditar as regras nos grandes espetáculos que levam milhões às arenas pelo mundo todo. Tudo isso é ruim? Bom, talvez os amantes do futebol não sejam os mais contentes com a extinção do “futebol raiz”, mas é fato que as oportunidades de mercado geradas em torno disso são de encher os olhos de qualquer marca que busca visibilidade. Aqui trago alguns fatos e números que mostram não a banalização do esporte mas o poder de mídia que ele carrega hoje principalmente a partir das redes sociais.
Protagonistas das partidas milionárias nas mais importantes competições, os super atletas são os maiores responsáveis pela geração de conteúdo e oportunidade, levam consigo as maiores marcas dos mais variados segmentos e firmam contratos astronômicos. A maior estrela do futebol brasileiro dos últimos anos, Neymar, atualmente é o jogador mais bem pago do mundo e protagonizou a transferência mais cara da história. A imagem do atleta levará 16 marcas para a Copa do Mundo da Rússia em 2018, entre elas: McDonald’s, Nike, Gillette, Red Bull e Beats. Naturalmente suas redes sociais refletem a valorização que o ídolo tem em campo, acumulando nada mais nada menos que 39,7 milhões de seguidores no Twitter, no Instagram 93,5 milhões e 60,5 milhões no Facebook.
Ok, ele tem seguidores, mas e daí? Bom, e daí que esses números representam uma fortuna quando são colocados à venda como mídia de alcance em massa a um público segmentado pra qualquer marca no mercado. O jornal Le Parisien apresentou uma análise feita pela consultoria Blinkfire que apontou o valor por publicação na rede social do jogador, a cada postagem divulgando um produto o jogador fatura cerca de 1,8 milhão de reais ou 459.000 euros. Segundo a Blinkfire, só em janeiro, Neymar Jr. lucrou o total de 137 milhões de reais em publicações nas rede sociais. Esse é só um exemplo entre as estrelas que vão roubar as atenções no maior e mais esperado evento de futebol do mundo, a lista é inumerável, desde os mais discretos até os maiores outdoors humanos que o futebol oferece às marcas, Lionel Messi, Cristiano Ronaldo e por aí vai.
Motivados pelo potencial das redes, pela oportunidade de gerar resultado financeiro e ter alto engajamento com seus torcedores na internet, os clubes brasileiros investem cada vez mais em marketing digital, do menor até o maior dos clubes investem nas suas mídias com significativa prioridade, o que os leva desde usar os espaços milionários disputados nos uniformes para divulgar suas redes até disputar os números de seguidores e inscritos com clubes europeus. O investimento em produção de conteúdo e profissionais especialistas no assunto passam pelos conselhos dos clubes com bastantes seriedade em busca do melhor resultado no fim do ciclo: sócios-torcedores.
No Brasil, um bom exemplo da aposta na mídia online foi o Clube de Regatas Flamengo que contratou o publicitário Antônio Tabet como seu VP de comunicação e com estratégias ousadas e bem alinhadas o clube assumiu a liderança no ranking geral de seguidores entre clubes brasileiros e chegou a superar alguns gigantes do futebol inglês e espanhol, por exemplo. Segundo o IBOPE Repucom, em fevereiro de 2018 o clube somou mais de 20 milhões de seguidores nos seus canais oficiais e hoje tem mais de 54 mil sócios torcedores, o que representa um crescimento significativo para o equilíbrio das finanças da marca. Esse potencial digital muito provavelmente tem influenciado a mídia off-line onde o futebol ganhou mais espaço e em 2013 somou 63% das transmissões esportivas na TV brasileira, o que representa um aumento de 73% em comparação com 2007, o que é muito importante já que a TV representa uma boa parte dos ativos que injeta dinheiro nos grandes clubes brasileiros.
Uma máquina de engajamento e geração de resultados reais, assim podemos resumir o poder das mídias no futebol hoje e como os clubes e atletas estão encarando as redes. Sendo ainda, uma das grandes responsáveis por várias das mudanças no futebol dentro e fora de campo, fazendo clubes, confederações e atletas se adaptarem ao que a voz dos seus seguidores diz no mundo digital. A voz das torcidas deixa de ser ouvida nas ruas como era no futebol raiz até décadas atrás e hoje passa a ser considerada através de torcidas organizadas que se fazem ser ouvidas pelos Trend Topics do Twitter. Pelo menos no mundo digital o futebol moderno tomou conta da cena e o futebol raiz levou um unfollow mitológico, para os que não gostam tanto da ideia não há tanto a se fazer, apenas aceitar. Como diria Zagallo: Vocês vão ter que me engolir!